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No verão de 2024 e 2024, o ecologista James Ryalls e seus colegas saíram em betsul expedição de observação em 🌻 betsul uma área perto de Reading, no sul da Inglaterra. O objetivo do grupo era observar os insetos zunindo em 🌻 betsul volta dos pés de mostarda-preta.
Sempre que uma abelha, uma mosca-das-flores, traça, borboleta ou outro inseto tentasse chegar ao pólen 🌻 ou ao néctar das pequenas flores amarelas, eles faziam uma anotação.
O processo fazia parte de um experimento incomum. Alguns campos 🌻 de plantas de mostarda foram rodeados por tubulações que liberavam ozônio e óxidos de nitrogênio, que são gases poluentes normalmente 🌻 produzidos pelas usinas energéticas e pelos automóveis convencionais. Já outros canteiros incluíam canos que liberavam ar normal não poluído.
Os resultados 🌻 alarmaram os cientistas. As plantas sufocadas pelos poluentes foram visitadas por até 70% menos insetos e suas flores receberam 90% 🌻 menos visitas do que as plantas em betsul canteiros não poluídos. E a concentração de poluentes estava bem abaixo da 🌻 considerada segura pela regulamentação dos Estados Unidos.
"Nós não esperávamos que fosse algo tão significativo", afirma o entomólogo Robbie Girling, da 🌻 Universidade do Sul de Queensland, na Austrália, e um dos autores do estudo. Ele também é professor visitante da Universidade 🌻 de Reading, no Reino Unido.
Cada vez mais pesquisas indicam que a poluição pode prejudicar a atração dos insetos às plantas 🌻 – justamente em betsul uma época em betsul que muitas populações de insetos já estão sofrendo fortes declínios, devido aos 🌻 agrotóxicos, à perda de habitat e às mudanças climáticas.
Cerca de 75% das flores silvestres e cerca de 35% das plantas 🌻 agrícolas dependem dos animais para movimentar seu pólen, fazendo com que as plantas possam se fertilizar umas às outras e 🌻 formar sementes.
As plantas de mostarda-preta, utilizadas no experimento, podem se autofertilizar. Mesmo assim, elas exibiram uma queda de 14% a 🌻 31% da polinização, segundo a análise do número de vagens, sementes por vagem e peso das vagens de plantas envolvidas 🌻 pelo ar poluído.
Os cientistas também estudam a potência e a disseminação desses efeitos da poluição, além da betsul forma de 🌻 operação. Eles estão aprendendo que a poluição pode trazer uma diversidade surpreendente de efeitos. Ela pode alterar os aromas que 🌻 atraem os insetos para as flores e até prejudicar a capacidade das criaturas de cheirar, aprender e relembrar.
Esta pesquisa ainda 🌻 é nova, segundo o neurocientista Jeff Riffell, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos. Segundo ele, "estamos apenas tocando a 🌻 ponta do iceberg, por assim dizer, em betsul termos de como estes efeitos influenciam os polinizadores".
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Os insetos costumam depender do cheiro para se localizar. E, enquanto voam pela vizinhança, eles aprendem 🌻 a associar as flores que são boas fontes de néctar e pólen aos seus aromas.
Algumas espécies, como as abelhas, também 🌻 usam indicações dos seus colegas de colmeia e marcos visuais, como árvores, para navegar. Ainda assim, elas dependem fundamentalmente do 🌻 sentido do olfato para identificar suas flores favoritas à distância.
E os polinizadores noturnos, como as traças, são farejadores particularmente talentosos. 🌻 "Eles podem cheirar os canteiros de flores a um quilômetro de distância", segundo Riffell.
Um dos efeitos da poluição é o 🌻 seu nível de interferência sobre esses aromas florais. E Girling suspeita que esta seja a principal razão do declínio da 🌻 polinização na Inglaterra.
Cada fragrância é uma combinação exclusiva de dezenas de compostos quimicamente reativos, que se degradam no ar. E 🌻 gases como ozônio ou óxido de nitrogênio irão reagir rapidamente com essas moléculas, causando o desvanecimento dos odores com velocidade 🌻 ainda maior do que o normal.
"Para odores muito reativos, a pluma só consegue viajar por um terço da distância do 🌻 que na ausência de poluição", afirma o cientista atmosférico José D. Fuentes, da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos. 🌻 Ele simulou a influência do ozônio sobre os compostos dos aromas florais.
Caso alguns compostos se degradem mais rapidamente do que 🌻 outros, o buquê de aromas associado pelos insetos a plantas específicas se transforma, possivelmente se tornando irreconhecível.
Girling e seus colegas 🌻 observaram este fenômeno em betsul experimentos em betsul um túnel eólico com fornecimento de ozônio. O túnel também foi equipado 🌻 com um aparelho que liberou de forma estável uma combinação sintética de odores florais.
Uma flor real teria murchado, segundo o 🌻 químico atmosférico Ben Langford, do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido, e um dos autores do estudo.
Usando detectores 🌻 químicos, a equipe observou que a pluma de aroma floral se reduziu e ficou mais estreita, enquanto o ozônio fluía 🌻 pelas bordas. Alguns compostos desapareceram totalmente, enquanto outros persistiram.
Os cientistas treinaram abelhas para detectar o aroma floral original. Eles expuseram 🌻 os insetos ao odor e ofereceram água açucarada em betsul seguida, até que elas estendessem automaticamente suas probóscides em betsul 🌻 forma de língua para provar, cheirando o aroma.
Mas quando as abelhas foram testadas com o cheiro alterado pelo ozônio, 🌻 representando as extremidades da pluma de odor a 6 ou 12 metros de distância da fonte, apenas 32% e 10% 🌻 delas, respectivamente, estenderam suas probóscides.
A abelha estava "farejando um odor completamente diferente naquele momento", segundo Langford.
Os pesquisadores também observaram que 🌻 besouros-listrados-do-pepino e mamangavas-de-cauda-amarela-clara têm dificuldade para reconhecer suas plantas hospedeiras acima de certos níveis de ozônio.
Algumas das observações mais pronunciadas 🌻 ocorrem à noite, quando se acumulam poluentes extremamente reativos – os chamados radicais de nitrato.
Riffell e seus colegas descobriram recentemente 🌻 que a prímula-pálida atrai cerca de 50% menos mandarovás-do-fumo, quando esses poluentes alteram o aroma da planta. E as mariposas-esfinge-de-capa-branca 🌻 não reconhecem o aroma.
Com isso, a equipe concluiu que o número de sementes e frutos sofreu redução de 28% em 🌻 betsul experimentos de polinização externos.
"Existe um efeito muito grande sobre a capacidade da planta de produzir sementes", explica Riffell.
Mas será 🌻 que os insetos conseguem aprender a reconhecer esses aromas transformados?
Para que os insetos possam distinguir novos aromas como sendo positivos, 🌻 eles precisam cheirá-los enquanto se alimentam de néctar doce. O problema é que o aroma só se transforma a alguma 🌻 distância das flores, segundo Girling.
Alguns insetos talvez possam aprender a seguir aromas poluídos enquanto se aproximam das flores, mas, até 🌻 agora, isso só foi demonstrado para o mandarová-do-fumo. E a poluição também pode dificultar o aprendizado dos insetos.
Em um estudo 🌻 de 2024, Girling e seus colegas treinaram primeiramente as abelhas a reconhecer os odores, utilizando o método de probóscides com 🌻 água açucarada.
Em seguida, eles expuseram os insetos a escapamento de diesel. E, posteriormente, eles examinaram as abelhas para determinar quantas 🌻 delas haviam retido o que aprenderam e continuavam reagindo à combinação de odores estendendo suas probóscides.
Surpreendentemente, 44% menos abelhas conseguiram 🌻 relembrar o odor 72 horas após a exposição a diesel, em betsul comparação com os insetos que não foram expostos.
"Parece 🌻 que, potencialmente, elas não são capazes de formar essas memórias e retê-las com a mesma capacidade", explica Girling. Mas não 🌻 se sabe exatamente por quê.
Talvez o gás cause estresse fisiológico no cérebro das abelhas de alguma forma, gerando impedimentos neurológicos. 🌻 Isso pode hipoteticamente significar que, em betsul ar poluído, as abelhas podem esquecer os odores originais das flores – ou 🌻 esquecer os aromas poluídos, se conseguirem aprendê-los.
O ar sujo também poderá afetar o sentido do olfato dos insetos.
Alguns anos atrás, 🌻 a ecologista química Magali Proffit e betsul equipe do Centro Francês de Ecologia Funcional e Evolutiva conectaram eletrodos às antenas 🌻 da mamangava-de-cauda-branca e da vespa-do-figo.
Eles concluíram que a exposição dos insetos ao ozônio, muitas vezes, faz com que esses órgãos 🌻 de verificação de odores reajam muito menos aos cheiros. As abelhas e vespas expostas a níveis moderados de ozônio se 🌻 moveram sem rumo e não em betsul direção aos odores das suas plantas hospedeiras.
Em altos níveis de ozônio, a vespa-do-figo 🌻 chega a evitar o odor. "Algo está acontecendo no seu sistema olfativo", explica Proffit.
Os poluentes do ar também exercem influência 🌻 quando são absorvidos pelas plantas, segundo a ecologista Laura Duque, da Universidade de Würzburg, na Alemanha. Eles podem alterar o 🌻 metabolismo vegetal e, portanto, a combinação de compostos odoríferos emitidos pelas flores.
Dependendo da espécie, o ozônio pode aumentar ou reduzir 🌻 o número de flores e, possivelmente, alterar a qualidade e a quantidade do néctar ou do pólen.
O ozônio também pode 🌻 influenciar o momento da floração, segundo Duque. "É possível que a planta não se reproduza, se houver total divergência entre 🌻 a floração e a atividade dos insetos."
É difícil determinar a magnitude desses efeitos sobre a polinização das plantas, segundo a 🌻 ecologista de insetos urbanos Elsa Youngsteadt, da Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Ela é uma das 🌻 autoras de um estudo de 2024 sobre a polinização nas cidades, publicado na Annual Review of Ecology, Evolution and Systematics 🌻 ("Revista anual de ecologia, evolução e sistemática", em betsul tradução livre).
Apenas alguns estudos quantificaram os efeitos, como o de Girling 🌻 no Reino Unido e o de Riffell sobre as traças.
De forma geral, a ocorrência de impactos maiores seria esperada nas 🌻 cidades. Afinal, elas sofrem a maior parte da poluição desde o início da era industrial. Mas isso pode também ter 🌻 gerado adaptações, segundo Youngsteadt.
Estudos sobre plantas e insetos não urbanos "poderão fornecer um quadro diferente dos estudos sobre as plantas 🌻 e populações de insetos que já foram expostas a poluentes urbanos por centenas de anos", segundo ela.
Também não está claro 🌻 qual é o impacto da poluição sobre os insetos.
Quando os insetos deixam de detectar flores, eles perdem a possibilidade de 🌻 conseguir néctar ou pólen para si próprios, para os mais jovens ou para suas colmeias. Eles precisam viajar para mais 🌻 longe em betsul busca de aromas florais, o que consome betsul energia, segundo Fuentes.
Já a transformação dos aromas das flores 🌻 pode ser apenas mais um fator em betsul jogo.
As partículas de poluição podem afetar a capacidade das moscas-domésticas de sentir 🌻 o odor dos alimentos, por exemplo. E o ozônio altera os feromônios dos machos das moscas. Com isso, eles ficam 🌻 com mais cheiro de fêmeas, fazendo os machos perseguirem outros machos.
A poluição também pode afetar, de forma mais geral, a 🌻 reprodução e a sobrevivência dos insetos. E, reunindo todos estes impactos, um estudo recente estimou que a poluição do ar 🌻 reduz o desempenho dos polinizadores em betsul mais de 30%.
Os cientistas precisam realizar mais pesquisas sobre diferentes espécies, para determinar 🌻 betsul sensibilidade à poluição e suas interações com as plantas, especialmente em betsul regiões pouco estudadas, como o Sul Global.
Passando 🌻 pelos agrotóxicos até chegar às mudanças climáticas, "temos todos estes outros fatores desgastando e enfraquecendo as condições, oferecendo mais dificuldades 🌻 para os insetos atravessarem seus ciclos de vida e processos normais", segundo Girling.
"Se você ainda dificultar um pouco mais a 🌻 busca por aquela flor, será que este não será o momento crítico que irá levar aquele inseto ou colmeia específica 🌻 para além do seu limite?"
* Katarina Zimmer é jornalista de ciência e meio ambiente, que reside atualmente na Alemanha. Seus 🌻 trabalhos foram publicados pela betsul Future, National Geographic, Scientific American e The Atlantic, entre outros. Como colaboradora especial da revista 🌻 Knowable, ela cobre a transição energética e saúde planetária.
** Este artigo foi publicado originalmente na revista jornalística independente Knowable, da 🌻 editora norte-americana Annual Reviews, e republicado pelo site betsul Earth sob licença Creative Commons. Leia a versão original (em inglês).
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